A eletromobilidade cresce no Brasil, mas junto dela surgem novas discussões sobre infraestrutura e segurança. Na semana do dia 28 de agosto, o Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares (Ligabom) lançou a “Diretriz nacional sobre ocupações destinadas a garagens e locais com sistemas de alimentação de veículos elétricos”, que estabelece novas regras para estacionamentos e prédios com pontos de recarga.
A medida, porém, já gerou controvérsia: enquanto os bombeiros defendem o foco na segurança contra incêndios, entidades ligadas ao setor automotivo afirmam que as exigências podem encarecer, atrasar e até desestimular a expansão dos carros elétricos no país.
O que muda para as garagens de carros elétricos?
A diretriz entra em vigor em até 180 dias e traz mudanças importantes:
- Tipos de carregadores permitidos: apenas modo 3 (wallbox) ou modo 4 (rápido). O uso de tomadas comuns (modo 2) será proibido em garagens internas.
- Exceção para áreas externas: em garagens abertas, carregadores simples ainda podem ser usados, desde que haja laudo técnico comprovando segurança.
- Disjuntores e sinalização obrigatórios: cada ponto de recarga precisará ter disjuntor identificado e um ponto de desligamento manual deve estar disponível a até 5 metros da entrada principal.
- Exigências para novos prédios: instalação de sprinklers de Risco Ordinário 2, sistema de detecção de incêndio, exaustão mecânica de fumaça e estrutura resistente ao fogo por pelo menos 120 minutos.
- Prédios existentes: precisarão se adequar conforme prazos definidos em cada estado, com instalação de detectores de incêndio e adoção de gerenciamento de risco.
O ponto mais polêmico: Sprinklers obrigatórios
A maior polêmica envolve a exigência de sprinklers automáticos em garagens internas com carregadores elétricos.
Segundo a diretriz, mesmo prédios já existentes deverão instalar sistemas adicionais caso possuam carregadores, o que pode gerar custos elevados.
A reação do setor: Críticas da ABVE e Abravei
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) criticou duramente a medida, classificando-a como “discriminatória e inviável”. Para a entidade, a exigência encarece a adaptação dos prédios e pode desestimular a instalação de pontos de recarga, reduzindo o incentivo à mobilidade elétrica.
“Não há referência internacional que suporte o vínculo obrigatório entre os sprinklers e os carregadores de veículos elétricos”, destacou a ABVE em nota.
A Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei) também contestou a diretriz, alegando que ela impõe exigências desproporcionais e discriminatórias, principalmente para edifícios já construídos.
O que está em jogo?
O debate expõe um dilema:
- De um lado, a necessidade de garantir segurança em locais com alta concentração de veículos elétricos e sistemas de recarga.
- De outro, o risco de criar barreiras que podem atrasar a expansão da eletromobilidade no Brasil, justamente em um momento em que o mercado começa a ganhar força.
Precaução ou retrocesso?
As novas regras levantam uma questão crucial: até que ponto medidas de segurança necessárias podem se transformar em obstáculos à inovação?
A definição final caberá aos Corpos de Bombeiros de cada estado, mas já está claro que o setor automotivo e imobiliário terá de se adaptar, ao mesmo tempo em que pressiona por ajustes mais equilibrados.
E você, o que acha? Essas regras trazem mais segurança ou podem frear o crescimento dos carros elétricos no Brasil?
(Fonte: Automotive Business)