Bertha Benz pode ser considerada a “mãe do automóvel”, e não é nem pelo fato dela ter sido esposa do Karl Benz, que foi praticamente o inventor do automóvel movido a combustão. Mas foi graças a sua esposa que essa invenção realmente foi pra frente e houve um real desenvolvimento no desempenho dos carros para percorrer longas distâncias como conhecemos hoje.
Em 1886 na cidade de Mannheim na Alemanha, Berta Benz pode testemunhar o seu marido e engenheiro Karlz Benz criar e registrar a patente do “Benz Patent-Motorwagen”. Usando o corte básico de uma bicicleta, o Modelo I foi a patente original do carro motorizado se tornando o primeiro automóvel do mundo; o Modelo II foi convertido para um automóvel de 4 rodas para testes, se tornando o único deste modelo; e o Modelo III era basicamente composto por três pneus cujo tamanho era de um pneu de bicicleta, um motor na traseira, um chassi que era uma tábua de madeira muito forte para conseguir sustentar o peso de uma pessoa, um banco e um volante a manivela, e conseguia alcançar a incrível velocidade de 8km/h.
Por mais incrível que essa invenção fosse para nós, na época muitas pessoas achavam a invenção de Karl um absurdo, uma completa loucura e falavam que o seu veículo era inútil e perigoso. Toda essa humilhação pública fez parte dos dias difíceis que Karl e Bertha viveram onde até fome passaram, e isso desmotivava Karl em acreditar que essa sua invenção realmente mudaria suas vidas. Porém, Bertha Benz persistia e acreditava demais no que o seu marido tinha criado. No dia 5 de Agosto de 1888, Bertha Benz tomou uma decisão. Junto com seus dois filhos Richard e Eugen, de 13 e 15 anos, Pegaria o Modelo III do Patent-Motorwagen e percorreria 106km de distância, indo de Mannheim até Pforzheim para visitar sua mãe. Bertha pegou o veiculo sem contar para Karl e se desbravou nessa aventura, se justificando apenas em um bilhete deixado na cozinha de casa que estava levando seus filhos para visitar a avó. Mas o real motivo, o que realmente Bertha Benz queria era fazer a propaganda da invenção do seu marido, na qual eles investiram tanto tempo e dinheiro, e provar de uma vez por todas que isso poderia ser um sucesso comercial por ser algo extremamente útil a todos, e com isso fazer com que a confiança de Karl retornasse e continuasse seu trabalho.
A viagem
Bertha Benz deixou Mannheim logo pela manhã, e como não havia estradas pavimentadas naquela época, nem se quer estrada de terra para carros, ela decidiu seguir o caminho que as carroças faziam, só que o que única coisa que não teve nessa viagem foi tranquilidade. Por diversas vezes Bertha teve que demonstrar sua capacidade técnica e engenhosidade para fazer o veículo chegar até seu destino finalViajando sem tanque adicional e com suprimento de apenas 4,5 litros de combustível, ela precisou usar ligroína para tentar fazer o automóvel. Esse produto era vendido apenas em boticários, então no meio do caminho ela teve que parar em farmácia em Wiesloch e comprou mais alguns. Com essa atitude ela praticamente tornou uma farmácia no primeiro posto de combustível do mundo.Mas os problemas de Bertha Benz não eram somente esses, ela teve que usar o que tinha em mãos para concertar os problemas que apareciam no carro durante a viagem, como utilizar o alfinete do seu chapéu para desentupir o cano de combustível, e usar uma de suas cinta-ligas como material isolante. E para melhorar o problema de frenagem do “carro” ela parou em um sapateiro e confeccionou novas correiras de coro. E teve que criar um sistema de refrigeração para esfriar o motor e evitar um superaquecimento, obrigando assim a sempre parar em locais com fontes de água para reabastecer seu sistema. Sem mencionar que as engrenagens do carro não foram suficientes para superar as subidas, onde ela tinha que pedir para seus filhos descerem para empurrar o veículo em estradas íngremes.Bertha Benz chegou na casa da sua mãe em Pforzheim um pouco antes do pôr do sol, e assim que chegou tratou de enviar um telegrama para o seu marido contando que a viagem tinha sido bem sucedida. E alguns dias depois retornou para Mannheim, dessa vez pegando um caminho mais curto, e quando chegou em casa Bertha tinha andando cerca de 194km de distância com o veículo que ela e seu marido criara. E isso fez com que essa aventura colocasse Bertha Benz como a primeira mulher a dirigir um veículo, e a primeira vez que um veículo percorria uma longa distância na história.
A viagem de Bertha ganhou a notoriedade que ela imaginava, mas além disso, essa viagem foi um desbravamento para indústria automotiva. Pois assim que chegou em casa ela e Karl conversaram, e ela explicou tudo que ela passou durante a viagem, os problemas que teve e como arrumou uma solução, e deu sugestões de melhorias para o veículo, como a de uma engrenagem extra para locais mais íngremes e correias mais resistentes para tornar a freada mais rápida e eficiente. E uma das coisas principais que essa viagem de Bertha Benz mostrou foi a necessidade e como era essencial os test-drives na indústria automobilística para o que isso promova uma maior segurança e conforto para os passageiros.E foi assim que uma mulher revolucionou o setor automotivo, porque Bertha Benz não dirigiu apenas um carro se aventurando em algo, ela dirigiu uma indústria e transformou um setor, acreditando em seu produto e em como isso poderia mudar a vida das pessoas, e assim fez um marco na história.Por isso, desejamos não que vocês tenham apenas um feliz dia das mulheres, ou mês das mulheres. Desejamos que vocês tenham igualdade, liberdade, reconhecimento, respeito e tudo que vocês merecem; Porque sem sombra de dúvidas, assim como foi no setor automotivo vocês fazem do mundo um lugar melhor
Muita força e sororidade as mulheres sempre.